Fôrro
Acerca de sua pessoa
Quase nada se sabe
Era Muito Velho, provavelmente nascera antes ou no inicio do século XVII.
Escravo ou liberto
Não se sabe
Ao certo
Cavaleiro da Ordem de Cristo
Foi fidalgo
É fato
Serviu na guerra desde 1630
Com praça de Capitão de homens pretos
Em um gesto de bravura ofereceu-se
"para servir com alguns de sua cor em tudo o que lhe determinasse"
o general Matias de Albuquerque
Reuniu-se à tropa de luso-brasileiros que sofrera pouco antes golpes
sérios.
15 de julho de 1633
Holandeses partem do forte dos Afogados (Prins Willem)
Ao ataque do Engenho São Sebastião (Atual bairro do Curado)
Henrique Dias e mais 20 dos seus saem vitoriosos
Por um tiro de mosquete é ferido
Dias é
sucessivamente atingidos pelos tiros de mosquete 8 de setembro - Igarassu; 30
de março de 1634 - Arraial do Bom Jesus, mas a 6 de dezembro daquele ano “matou
por sua mão” cinco dos contrários; 26 daquele mês - é ferido ao defender na
Várzea o Engenho Santo Antônio.
- A luta prosseguiu, com o inimigo tentando estabelecer o cerco.
A
tomada da Paraíba em fins de 1634 possibilitou aos invasores atacar, com todo o
seu poder, o Arraial Velho em começos de 1635. Matias de Albuquerque dividiu as
suas tropas para a defesa desse reduto e do Forte de Nazaré. Aquele foi
entregue ao comando de Andres Marin, e Henrique Dias ficou sob as suas ordens.
Em março Arciszeweky iniciou o assédio.
Henrique
Dias lutou na retomada do Oiteiro do Conde (morro da Conceição) em 21 de março,
depois recapturado pelo inimigo, e a 18 de maio no Oiteiro do, Barbosa.
"Mas a maior peleja era a da fome, que ia chegando a tal ponto que já de
tudo se valiam os nossos . . . Nem o valor nem a constância dos defensores do
Arraial bastou para que êle não se perdesse; porque afinal faltou tudo o que
servia de sustento, consumiram-se cavalos, couros, cães, gatos e ratos, com que
se alimentavam. E quando ainda houvesse alguma destas imundas coisas, não existia
mais pólvora nem outra qualquer munição".
Janeiro de 1637
Chega ao Recife o Conde João Maurício de Nassau-Siegen
18 de fevereiro
Batalha de Porto Calvo
Teve a mão esquerda atingida por bala de pelouro
Tirando a mão esquerda ainda lhe ficara a direita para se vingar
Henrique
Dias, que tomou parte na batalha, "com os seus negros, procedeo muito bem,
e lhe derão hua pelourada no brasso esquerdo de que lhe cortaram a terça parte
delle". Se dizia que os holandeses atiravam com balas ervadas com
toucinho, e que aos feridos logo lhe davam herpes, e mandou ao cirurgião que
lhe cortasse a mão por a junta do pulso, o que se executou, e sarou em breve
tempo".
Derrota em Porto Calvo
Á derrota de Porto Calvo seguiu-se a
retirada do exército para Sergipe, de onde continuaram as incursões dos
campanhistas contra o território ocupado pelos holandeses, que se estendia
então até a margem norte do Rio São Francisco . Daí, em novembro de 1637, foi
expulsá-lo o coronel Schkoppe com suas tropas, forçando Bagnuolo a recuar para
a Bahia.
Filipe III
de Portugal, ainda quando era na Côrte de Madrid desconhecido o
desfecho do ataque à Bahia
Lhe fez mercê.
Em
carta de 21 de julho de 1638 à Princesa Margarida, diz o Rei: "Vy o
que me escrevestes em carta vossa de nove de Junho passado acerca do valor, com
que o capitão Rebelinho, capitão Souto e o governador dos negros Henrique Dias,
me tem servido na guerra do Brasil, e conformando-me em tudo com o que vos
pareceo na dita carta; Hey por bem de fazer merçe a estes tres homens do habito
das tres ordens militares que cada um delles escolher com promessa de hua
Comenda, quarenta escudos de soldo cada mez, e o foro de fidalgo, as quaes
merçes lhe hirão nesta Armada" [do Conde da Tôrre], "com ordem para
que sem embargo do que dispoem os diffinitorios das ordens lhes dêm logo os
habitos não constando de deffeitos cuia dispensação toque a Sua
Santidade"[1].
[1] TORRE do Tombo, Mesa da Consciência e Ordens, códice 34, fls. 95v. Ao registro desta ordem, na mesma folha, segue-se o do decreto da Princesa: "A Mesa da Consciencia e Ordens pelo que lhe toca dará cumprimento a esta carta de Sua Magestade ordenando que se passem os despachos aos capitães Francisco Rabello, Sebastião do Souto e Henrique Dias e lhe vão nesta Armada e da forma em que se dispôs se avisará ao secretário Francisco de Lucena. Em Lisboa a 5 de agosto de 1638. A Princeza Margarida".
Uma das vias originais da carta de comunicação da mercê, dirigida ao Conde da Torre e autografada pela Princesa, encontra-se nos chamados códices do Conde da Torre (29 volume) do Arquivo Histórico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamarati); está datada de Lisboa, 22 de agosto de 1638 e diz: "Pella satisfação com que fico dos serviços e procedimentos dos capitães Francisco Rabello, Sebastião do Soutto e do governador dos negros Henrique Dias, lhe mandey aggradecer por cartas minhas que serão com esta, e assy lhe fiz merce de habittos das tres ordens militares que escolhessem, quarenta cruzados de soldo cada mes e o foro de fidalgo de minha casa, mandando que os despachos lhe fossem nesta Armada, do que vos quiz avisar para o terdes entendido e fazerdes que se lhe de as cartas e vos encomendo que tenhaes toda a conta com suas pessoas e serviços occupando nelle nos lugares em que couberem" .
O Barão do Rio Branco Efemérides Brasileiras, edição do Ministério das Relações Exteriores (Rio, 1946) p. 343 erra ao indicar como 28 de julho de 1637 a carta-régia que transcrevemos no texto, de 21 de julho de 1638.
25 de março de 1645
Enrrique Dias fugiu da estancia com toda sua gente
Pois lhe foi negado o direito de ver a família
Partiu o Filipe Camarão com seus índios a caçar o fugitivo
Vidal de Negreiros aos Holandeses anunciou sua prisão
Caso entrasse em seu território.
Dias e
Camarão só se reuniram aos conjurados depois que estes conseguiram, a 3 de
agôsto, a vitória na Batalha das Tabocas. A 17 de agôsto de 1645, no ataque à
casa-grande, Engenho de D . Ana Pais, Henrique. Dias voltou a enfrentar os
holandeses, o que desde 1640 não fazia. A resistência dos comandados do
Tenente-Coronel Hendrik van Haus foi firme, mas ocupada a loja da casa-grande e
iniciados os preparativos para se lhe deitar fogo, tiveram que ceder. O
Governador dos pretos foi nesta ocasião ferido em uma perna "porém tanto
valor mostrou que não se quiz retirar enquanto durou a bateria . . . e
alcançada a vitoria, então ele mesmo se curou escaldando os buracos da ferida
com uma pequena de lã de carneiro frita com azeite de peixe, e sarou em breves
dias sem haver mister çurgião".
Em 1654 gravou seu nome na eternidade
Henrique Dias venceu a batalha dos Guararapes
Venceu o exército holandês
Tornou-se herói da Restauração
O rei
fêz mercê concedendo soldo e terras. As terras doadas, como se vê, compreendiam
as da Estância que Henrique Dias defendera na guerra (e nas quais levantara uma
igreja a Nossa Senhora) e ainda tôdas as que dali se estendiam até o Rio
Capibaribe em frente à ilha de Santo Antônio. As casas de Gilles van Uffelen
estavam situadas no próprio lugar da Estância, nas proximidades da margem do
rio, a olaria de Gaspar Kock nos terrenos fronteiros à ilha depois chamada do
Suassuna, e o Cemitério dos judeus, nos Coelhos. Compreendiam, portanto, grande
parte do atual bairro da Boa Vista.
Insatisfeito com a recompensa partiu para Portugal (em 1656).
Regressou a Pernambuco em 1658.
Piratas holandeses - Pechelingues
Atacaram seu navio
Foi ferido novamente
Por uma pelourada
Seus últimos anos
Viveu em silêncio
Na Estância
Faleceu em 1662
Henrique
Dias regressou a Pernambuco, ao que parece, no primeiro semestre de 1658
(depois de 20 de março em que se lhe passou a patente de Mestre-de-Campo) . A
viagem foi acidentada, pois o navio em que vinha foi atacado e rendido de
"pechelingues" — palavra que, no seu sentido restrito, no seculo XVI
e princípios do XVII, designava os piratas saídos do pôrto de Vlissingen, na
Província da Zeelândia, na Holanda, mas que, depois, se aplicava geralmente a
todos os piratas holandeses (87) — e êle próprio ficou ferido de uma pelourada,
perdendo, além disto, a sua patente.
Os
seus últimos anos em Pernambuco Henrique Dias passou-os silenciosamente, talvez
ocupado com os serviços do seu Terço e com os religiosos da igreja de sua
Estância.
Henrique
Dias faleceu em 7 ou 8 de junho de 1662,
no Recife, sendo enterrado por conta da Fazenda Real no Convento de Santo
Antônio, em local desconhecido.
Créditos:
Título: Anrique Dias
Autor: João Andrade
Escrito em: 24.05.2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário